Feira do Livro promove dia de valorização da literatura e cultura indígena

Foto: Juliana de Deus/CRL

Mais de mil alunos participaram, nesta terça-feira (12), de um dia dedicado à valorização da literatura e da cultura indígena na Feira do Livro. A programação contou com atividades para diversos públicos e teve como destaque a presença de escritores indígenas renomados, que compartilharam suas vivências e obras com os estudantes.

O evento incluiu um diálogo sobre literatura e ecologia, com a participação dos escritores Auritha Tabajara, Daniel Munduruku, Yaguarê Yamã e Raquel Kubeo. Já no ciclo “O Autor no Palco”, os escritores Cristino Wapichana, Lucia Tucuju e Eva Potiguara se reuniram com os alunos para discutir suas obras e experiências de vida. Além disso, na Aldeia das Histórias, contações de histórias da literatura indígena encantaram o público infantojuvenil, proporcionando uma imersão cultural única.

No Rio Grande do Sul, existem atualmente 102 escolas indígenas, que atendem cerca de 6.410 alunos. Lucia Tucuju, uma das escritoras participantes, destacou a importância de debates como o realizado na Feira do Livro. “Através da literatura, vamos criando a consciência sobre a necessidade de valorizar a cultura, as histórias, a ancestralidade, as memórias, para que elas não se apaguem e sigam vivas, cada vez mais acesas”, afirmou a autora.

Bate-papo com autores inspira estudantes

Um dos momentos mais emocionantes do evento foi o bate-papo com os autores Daniel Munduruku, Yaguarê Yamã, Eva Potiguara e Lucia Tucuju, que reuniu mais de 500 estudantes de escolas de Porto Alegre e região. O encontro contou com a presença de alunos dos ensinos fundamental e médio, que tiveram a oportunidade de ouvir os escritores compartilhando as histórias e tradições de seus povos.

Eva Potiguara, que abordou temas como a importância da mulher e o cultivo das raízes africanas, ressaltou o valor de poder dialogar diretamente com os estudantes. “É uma grande oportunidade para os alunos vivenciarem esse momento, de conversar com a autora depois de já trabalharem suas obras em sala de aula. É uma experiência única”, comentou Ronaldo Gonçalves da Silva, professor de Língua Portuguesa da EMEF João Antônio Satte.

Yaguarê Yamã, escritor de mais de 30 livros e representante das etnias maraguá e sateré-mawé, destacou a importância de valorizar a identidade nacional. “Virei escritor porque queria me sentir representado dentro de um livro. Meu trabalho é aproximar nossa cultura e nossa tradição de ser brasileiro, de sermos nós mesmos”, explicou.

Com mais de 65 livros publicados, Daniel Munduruku compartilhou sua trajetória e discutiu temas como ancestralidade e a conexão com a natureza. Durante o bate-papo, os alunos interagiram com o autor, tiraram dúvidas e aprenderam mais sobre seu trabalho.

Lucia Tucuju, do povo kamarumã do Amapá, falou emocionada sobre sua participação no evento. “Estar aqui, nessa feira tão grandiosa, é uma alegria imensa. Minha avó era uma grande contadora de histórias, e meu sonho sempre foi tocar a vida das pessoas com as minhas narrativas, assim como ela fazia enquanto pescávamos na aldeia”, lembrou.